sábado, 27 de dezembro de 2008

o teu olho

... tento fujir para longe, e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesma nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco, para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno, veneno, ás vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e, embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios, torno sempre a voltar, talvez penalizada do teu olho que não se debruça sobre nenhum outro assim como sobre o meu...

Nenhum comentário:

Postar um comentário